Posted on Terça, abril 11 @ 13:20:56 BRT
Topic: Internet Na segunda geração da internet - batizada web 2.0 -, são os usuários que produzem o conteúdo.
Os especialistas podem até divergir em relação ao nome, mas todos concordam em uma coisa: há um novo fenômeno em curso na internet. E, desta vez, a transformação não se deve a uma nova ferramenta de busca ou a uma nova tecnologia. Ela está partindo dos próprios usuários. Os sites favoritos dos internautas mostram hoje uma web feita por pessoas comuns, para pessoas comuns. Quem faz sucesso na internet hoje são pessoas como nós, simples usuários munidos das modernas ferramentas de publicação on-line e dispostos a compartilhar textos, fotos, trabalhos, agendas, músicas, amigos e segredos. E sem precisar pagar nem cobrar nada. Bem-vindo ao mundo da web 2.0 - ou seja lá o nome que estejam dando ao novo fenômeno. "Na web 2.0 não há mais um centro", disse a ÉPOCA Jonathan Schwartz, presidente mundial da Sun Microsystems (leia a entrevista à página 78). "São as bordas que trocam informações entre si."
Os blogs ou as comunidades on-line dão uma boa noção do que está acontecendo. Sites especialmente dedicados à formação de turmas virtuais estão entre os mais populares. O Orkut, que explodiu no Brasil em 2004, e mais recentemente o MySpace, em que predominam adolescentes americanos, são uma febre que atinge milhões de usuários em todo o mundo. Mas eles só oferecem as ferramentas. Cabe aos freqüentadores alimentá-los com conteúdo. O MySpace tem mais de 65 milhões de inscritos, a maioria jovem. Apresenta os perfis deles e ainda serve como plataforma para a divulgação de novas bandas musicais ou artistas. Conquistada a popularidade no site, o caminho para o estrelato fora da internet é quase seguro. Criadores do serviço, os americanos Chris DeWolfe e Tom Anderson tiveram a idéia certa na hora certa.
Também há quem diga que o momento pode esconder uma nova bolha, como a que explodiu no ano 2000 e levou embora o sonho de muitos negócios na internet. A grande diferença é que, por princípio, as iniciativas da web 2.0 não têm como interesse primordial ganhar dinheiro.
Só que ganham. É o caso do Craigslist, espécie de lista de classificados online que parece mais um quadro de avisos comunitário. O site não cobra nada pelos anúncios. Seu criador, Craig Newmark, afirma que não tem nenhum interesse em ganhar dinheiro com a iniciativa. Só cobra anúncios de emprego em São Francisco, Nova York eLos Angeles e taxas dos corretores de imóveis que abusam das facilidades de publicação. Os jornais locais estimam que suas receitas com classificados caíram, em 2004, US$ 65 milhões por causa do Craigslist.
Por trás desses novos sites está o senso de que a informação, pelo menos nestes novos tempos, não tem dono e, quanto mais descentralizados forem seu controle e sua disseminação, melhor. É o modelo que tem gerado dezenas de produtos, do sistema Linux, uma alternativa gratuita a programas como o Windows, à Wikipédia, a maior enciclopédia do mundo. Milhares de voluntários espalhados mundo afora constroem um produto comum, cujo valor é determinado pela utilidade e pelo número de pessoas atraídas. Na web 2.0, um site é melhor quanto mais contribuições de usuários tiver.
"No começo da internet, era legal ver o que a tecnologia era capaz de fazer pelas pessoas", diz René de Paula Jr., diretor de produtos do Yahoo Brasil. "Agora, houve uma reviravolta. Temos de ver o que as pessoas são capazes de fazer com a tecnologia." Ele afirma que o momento ainda é de experimentação. "A maioria dos novos sites aparece em versão de testes. Os responsáveis precisam saber o que os usuários querem fazer, para então desenvolver as ferramentas que facilitarão aquela prática" , diz René.
Um dos principais exemplos dessa evolução guiada pelos usuários é o Flickr, o mais popular entre os serviços de compartilhamento de fotos na internet, criado pelo casal canadense Stewart Butterfield e Caterina Fake. Lançado como um álbum virtual, ele ganhou em popularidade quando incorporou ferramentas como comentários e um sistema para classificar as imagens com etiquetas (tags). Esse tipo de classificação é uma das principais inovações da web 2.0. Como a informação se tomou propriedade coletiva, nada mais natural que sua organização também se torne obra de todos os usuários. Determinada etiqueta identifica um assunto que interessa a certo grupo e, numa busca, o internauta pode procurar por ela, não apenas pela palavra-chave.
Isso torna os resultados ainda mais relevantes. "Trata-se de colocar rédeas na inteligência coletiva", diz Tim OReilly, fundador da OReilly Media, provavelmente o primeiro a teorizar sobre a web 2.0. Praticamente todos os sites da nova internet oferecem a possibilidade de etiquetar o conteúdo. Sejam fotos (como o Aickr), sejam links (como o organizador De1.icio.us), ou ainda vídeos (como o YouTube, uma das mais populares videotecas virtuais da atualidade).
É claro que essa participação em massa já chamou a atenção do mercado. Há, evidentemente, aqueles que estão loucos para pegar carona nesse bonde. É o caso do magnata Rupert Murdoch, da News Corp, que preferiu se juntar à onda. No ano passado, comprou o MySpace por US$ 580 milhões. A dúvida entre os entusiastas da web 2.0 é sobre se Murdoch saberá ganhar dinheiro com o serviço. Mas também há empresas preocupadas em defender seus negócios. A indústria fonográfica promete brigar na Justiça contra o site YouTube para tirar do ar vídeos amadores gravados em shows de suas bandas. Também há comerciais de TV engraçados, vídeos raros de celebridades e bandas, além de montagens e paródias com cenas famosas do cinema.
"Combater a distribuição ilegal de música em áudio ou vídeo na internet é uma prioridade e vamos tentar arduamente tirar do ar esse material", diz um porta-voz da indústria fonográfica britânica. Por dia, o YouTube exibe 30 milhões de vídeos e recebe outros 35 mil. A Microsoft também está preocupada com o avanço da oferta de software na internet. Há sites da web 2.0 que oferecem editores de texto e planilhas eletrônicas on-line, dois dos principais produtos vendidos pela empresa.
Há, enfim, aqueles que consideram a web 2.0 apenas um avanço natural. "É somente um upgrade na tecnologia", diz o jornalista Paul Botin, que mora no Vale do Silício e cobre o setor para revistas como Wired ou Business Week. Chamar esse momento de web 2.0, diz Botin, pode provocar confusão nas pessoas. "Chame apenas de internel. Assim, todo mundo vai entender que você quer dizer", afirma. Talvez o nome seja esse mesmo, com tudo o que ele ainda carrega de inovação e evolução.
Fonte: Época
Retirado do site: http://www.cipsga.org.br/article.php?sid=7857&mode=thread&order=0
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Insira seu comentário - O mesmo será submetido à aprovação!